segunda-feira, 7 de fevereiro de 2011

Da Infância

Payador - pampa e guitarra 
Guitarra - payador - pampa 
Três legendas de uma estampa 
Onde a retina se amarra 
Payador - pampa e guitarra 
Flecos de pátria e poesia 
Alma - terra e melodia 
Sangue de um no corpo d'outro 
Botas de garrão de potro 
Da lonca da geografia. 

Payador - alma e garganta 
Emoção e sentimento 
Melodioso chamamento 
Que da terra se levanta 
Parecendo quando canta 
Com entonação baguala 
Que as aves perdem a fala 
E o vento apaga os rumores 
Pois prá escutar payadores 
Até o silêncio se cala. 

Pampa - matambre esverdeado 
Dos costilhares do prata 
Que se agranda e se dilata 
De horizontes estaqueados 
Couro recém pelechado 
Que tem pátria nas raizes 
Aos teus bárbaros matizes 
Os tauras e campeadores 
Misturaram sangue às cores 
Prá desenhar três paises. 

Guitarra - china delgada 
Que um dia chegou da ibéria 
Para tornar - se gaudéria 
Da pampa venta rasgada 
Ao payador amasiada 
Nas soledades charruas 
Morando em quartos de luas 
Guitarra e lua são gêmeas 
E deus não fez duas fêmeas 
Mais linda do que estas duas. 

A guitarra - o payador 
E o pampa sempre afinados 
São cordas dos alambrados 
Da vida, esse corredor 
Paz - liberdade - e amor 
Que nunca serão proscritos 
Porque nos ermos solitos 
Onde o canto se desgarra 
Cada alma é uma guitarra 
Presa entre dois infinitos. 



Das lembranças do Centro Nativista Gaspar Silveira Martins.

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