quinta-feira, 9 de junho de 2011

De Noite ao Tranquito

 

Noel Guarany

 

Quando canto uma milonga, eu cresço uns metros de altura 
Nem o minuano segura, alma e cordas que ressonga 
Minha mirada se alonga quando larga cada verso 
O amargo e o triste disperso num lírico manotaço 
Cada sentença é um balaço, nas coisas do universo 
Com a milonga nasci, lá nos pagos missioneiros
Pajador e guitarreiro do meu rincão guarani 
Amar a terra aprendi com minha guitarra na mão 
Conheci muita lição que nos nega a sociedade 
Mostrengos de faculdade tentam nos dar mas não dão 
Milonga que vem da pampa, de nobre estirpe gaudéria 
Hora triste hora séria que na América destampa
Nos palacetes se acampa, nasce e vive dos galpões 
Redemoneando ilusões na alma dos cruzadores 
Onde os poetas e cantores extravasam ilusões 
Essa prenda nacional, quando te evoca o surenho 
E nas mãos de algum nortenho que vem da banda oriental 
No Brasil meridional és a lírica bandeira 
Quando em rondas galponeiras um pajador missioneiro 
Num sapucai de guerreiro te evoca de mil maneiras 
E muitos tentam fazer, chorando o que eu faço rindo 
Se cantar tudo bem lindo, se tocar vejam pra crer 
Quem duvidar venha ver um missioneiro trovando 
Sem querer estou louvando a terra em que nasci 
O meu rincão guarani que eu hey de morrer cantando

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